terça-feira, 16 de agosto de 2011

A aclamação de D. Maria II


Se em 1828, D. Miguel podia argumentar com a sua suposta legitimidade ao trono e alimentar assim as expectativas dos partidários, em 1834, ele ia tornar-se um vencido e um exilado. No acto da aclamação de D. Maria II, aos seus saudosos, só restava o travo amargo da derrota. Eis o essencial da acta da aclamação de D. Maria II:

Ilustração 15 D. Maria II. Presume-se que, depois do falecimento desta rainha, o seu marido terá vindo em visita à Casa de Fralães quando ela era possuída por gente da família do Duque de Palmela.

Aos dois dias do mês de Abril de 1834, neste Couto e Honra de Fralães e Paço do Concelho dele, onde se reuniram o Juiz e actual Câmara com o Procurador deste Couto, e sendo aí aberta uma carta do Juiz de Fora interino de Barcelos servindo de Corregedor, Aires Mendanha da Costa Benevides (...) e a fim de se fazer a aclamação da muito alta e poderosa rainha D. Maria Segunda e a Carta Constitucional outorgada e dada por seu augusto pai, o Senhor D. Pedro, Imperador e Duque de Bragança, Regente em nome da mesma Real Senhora, e sendo com efeito presentes o Clero, a Nobreza e o Povo, por todos e com o maior contentamento e júbilo de aclamação à mesma Real senhora ... Augusta Rainha, dando o Juiz vivas à Santa Religião Católica e à Senhora Dona Maria Segunda, à Carta Constitucional, ao Senhor D. Pedro, Imperador e Regente, as quais foram repetidas com o maior entusiasmo por todos os moradores deste Couto e circunvizinhanças abaixo assinados...

Ilustração 16 Ex-voto oferecido à Senhora da Saúde por João de Sá Felgueiras Benevides, da Casa do Xisto, Viatodos

Fica a impressão de que dos signatários da acta, uns terão vindo por convicção, como seria sem dúvida o reitor de Viatodos, outros, muitos por obrigação e ainda outros por mera conveniência. O abade de Monte de Fralães assina ao cimo, em lugar destacado, o de Viatodos remete-se para o meio da página, sem nenhum destaque, convencido, quem sabe, de que a sua hora tinha chegado.
Há pessoas que acorreram pela primeira vez, talvez fugidas do Porto para as suas sossegadas casa de província. Os Benevides, da Casa do Xisto, em Viatodos, parecem querer-se adiantar, talvez à espera de dividendos. Um deles, João de Sá Felgueiras Benvides, há-de oferecer, anos mais tarde, um ex-voto à Senhora da Saúde.

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